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Estreante na SPFW, cabo-verdiana Angela Brito é aplaudida de pé

Estilista exalta a pluralidade do continente africano e faz questão de tirar do senso comum: 'Não somos apenas um país'

Moda|Nayara Fernandes, do R7

"Desde cedo aprendi a trabalhar com o que tenho". É assim que a estilista Angela Brito, estreante na São Paulo Fashion Week, define o sucesso de seu desfile no pavilhão de culturas brasileiras, apesar da dificuldade de encontrar patrocínio. O apoio veio da 1001 Viação, do Rio de Janeiro, onde fica o ateliê de Angela. "Foi uma parceria incrível. Ajudaram a gente com todas as passagens. Não tenho nem como agradecer". Aplaudidas de pé, suas criações de modelagem geométricas e carregadas de ancestralidade relembravam, nos looks suaves, formas geométricas e alfaiataria, o que a própria cabo-verdiana chama de 'não lugar'. 

"A gente vive em uma sociedade onde todo mundo estabelece de onde e a que lugar pertence. Quando falo de um 'não lugar', falo especificamente de quando você vive na condição de imigrante e está sempre nessa condição. Falo desse lugar físico, mas tabém me refiro a um lugar onde as pessoas criam determinadas referências e, quando você não as cumpre, está sempre em um 'não lugar'"

Natural de Santa Catarina, Cabo Verde, a estilista e empresária com estudo em engenharia certamente não cumpre às expectativas de lugar o Brasil espera para uma mulher negra e imigrante. Em suas criações, Angela exalta a pluralidade do continente africano e faz questão de tirar todos do senso comum. 

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"Nós somos um continente muito diverso, não somos apenas um país. Cabo Verde me influencia com a base da alfaitaria, que para mim é algo muito forte. Gosto de misturar a minha tradicionalidade, de onde eu venho, com o contemporâneo, dos lugares onde eu transito", explica. 

Inovadora, a estilista garante não ter muitas influências no mundo da moda."Tento tirar beleza de tudo. Não nessa beleza referencial, mas no toque, na sensibilidade. Gosto muito de arte, cinema, documentário", revela Angela, cujo estudo em engenharia também se reflete em suas peças.

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"A modelagem é uma ciência muito exata. Então quando você vê os recortes, a simetria, tudo isso é a matemática refletindo formas mais duras."

Os próximos passos de Angela Brito ainda são incertos. "Sempre quando faço uma coleção, penso que esse é o momento em que as pessoas vão entender que não podem esperar nada de mim, mas não é isso que acontece."

"Sou muito organizada, mas deixo fluir. Não penso 'quero chegar no são Paulo Fashion Week'. Pra mim é sobre aproveitar o caminho."

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