A frase acima é atribuída por alguns a George Orwell, por outros a William Randolph Hearst e pela maioria como de autoria desconhecida. Mas o que de fato importa é que ela está mais atual do que nunca: o jornalismo virou pura publicidade.
Está cada vez mais comum vermos diversos jornais, sites e portais de notícias publicando exatamente a mesma manchete, sem nenhuma variação. O artigo “Do discurso da ditadura à ditadura do discurso”, de Bernardo Kucinski, traz as seguintes afirmações:
Grandes redações mantêm seus funcionários apenas retransmitindo informações
Arquivo/Agência Brasil“Nunca houve tanta falta de pluralismo na mídia brasileira como nos tempos atuais de hegemonia do neoliberalismo (...) Os jornais de referência nacional se tornaram tão parecidos que é comum confundir um com o outro nas bancas de revistas. Trazem as mesmas manchetes, as mesmas fotos dispostas da mesma forma, e os mesmos nomes de colunistas.”
Em 2021, por exemplo, Folha de São Paulo, Terra, G1, UOL e BBC News publicaram, na mesma data (15/06), exatamente a mesma notícia: “Insetos: o alimento supernutritivo desprezado pelo mundo ocidental”.
Não se trata de coincidência, sincronicidade ou qualquer casualidade do destino. Trata-se de que quase não há mais jornalismo profissional, mas sim, um consórcio de publicidade que bebe da mesma fonte e difunde o que lhe é determinado.
Grandes redações – onde o leitor imagina que os jornalistas estejam apurando os fatos, investigando, entrevistando pessoas ou nas ruas, lado a lado com a notícia – mantêm seus funcionários sentados diante de computadores apenas retransmitindo informações. Que boa parte da imprensa passou a atuar como uma grande caixa de ressonância é público e notório.
E quando diversos meios de comunicação dizem exatamente a mesma coisa, quem discorda, critica ou questiona é negacionista, propagador de fake news, anticiência, tumultuador, alienado etc.
A realidade dos fatos deixou de existir para dar lugar à “verdade de cada um”, e tudo isso com a anuência de quem tem a obrigação de fazer exatamente o contrário. É preciso, mais do que nunca, que cada um de nós tenhamos espírito cético e sejamos críticos e questionadores, pois a imprensa não fará isso por ninguém.
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