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Análise: Convite aos excessos e cobranças por disciplina

Época de comer muito, beber mais ainda e cometer todo tipo de exagero e em seguida todos serão cobrados a exibirem boa forma. Uma conta que não fecha  

Patricia Lages|Do R7

Às vezes fico imaginando o que aconteceria se um extraterrestre viesse à Terra e tivéssemos de esclarecer a maneira como a maioria das pessoas se comporta. Como iríamos explicar, por exemplo, que muita gente gasta o que não pode para ter alguns dias de festa com muito desperdício – travestido de fartura – mas depois passa o resto do ano na escassez?

Como os faríamos entender que seres racionais são capazes de virar noites bebendo exageradamente e que aquilo que chamam de diversão, muitas vezes, acaba em tumulto, brigas, agressões, acidentes e até mortes, abarrotando hospitais e transformando o que era para ser alegria em tristeza.

Estímulo ao consumo de comidas calóricas e exaltação a magreza
Estímulo ao consumo de comidas calóricas e exaltação a magreza Estímulo ao consumo de comidas calóricas e exaltação a magreza

Como justificaríamos que uma época onde as pessoas pregam o amor e a compaixão, a solidariedade e o respeito ao próximo dura apenas poucos dias e que, logo em seguida, as mesmas pessoas que se abraçavam e celebravam juntas, passam a se ofender por tudo e por nada.

E se o extraterrestre fosse exposto à nossa publicidade e começasse a perguntar coisas como: “por que exaltam a magreza de uma forma tão obsessiva, ao mesmo tempo que estimulam as pessoas a comerem coisas altamente calóricas e desnecessárias?” ou “como produções fantasiosas conseguem fazer as pessoas se endividarem para terem coisas que não precisam, gastando um dinheiro que não têm?”

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Imagino que seria difícil convencê-los de que pessoas adultas insistem em viver fazendo o que não deveriam, acreditando que não enfrentarão as consequências de seus atos, mesmo sofrendo essas consequências na própria pele. Como explicar que é comum que muitos vivam negando a própria vida, fingindo que está tudo bem e esperando que, mesmo agindo sempre igual, obtenham resultados diferentes. 

Como contar aos nossos visitantes que é cada vez maior o número de pessoas que aceita fazer de tudo para manter as aparências e a fantasia de ser quem não é e que a opinião dos outros tomou uma proporção tão imensa em nossa sociedade que nem mesmo nós, habitantes da Terra, entendemos o que está havendo.

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Como justificar que há sentido em viver sob o estímulo ao exagero em todos os sentidos, ao mesmo tempo que se é cobrado a ter disciplina em tudo: é preciso ser o melhor, tendo responsabilidade e equilíbrio. É uma sociedade que apresenta uma conta que não fecha e que, cada vez mais, trata as pessoas como se fossem marionetes. E se os extraterrestres perguntassem por que aceitamos esse mal, como se fosse bem? Já que é momento de reflexão, o que você responderia?

Patrícia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

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