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Análise: Distrações na internet roubam mais do que tempo

Brasileiro passa quase 4 horas por dia conectado, mas está muito aquém do esperado em termos de conhecimento

Patricia Lages|Do R7

Acesso à internet nem sempre se transforma em mais conhecimento
Acesso à internet nem sempre se transforma em mais conhecimento Acesso à internet nem sempre se transforma em mais conhecimento

Para 7% da população, o idioma oficial do Brasil não é o português, mas, sim, o “brasileiro” ou o latim, enquanto 24% desconhecem que a Europa é um continente e 12% afirmam que o México fica na América do Sul, segundo dados de um estudo da British Airways.

E, quando se fala em finanças, a falta de conhecimento dos brasileiros chega a ser assustadora: 99,4% não conhecem o conceito de juros compostos, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Não é à toa que, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio), nove de cada dez inadimplentes têm dívidas no cartão de crédito, a modalidade com uma das maiores taxas de juros do mundo.

Ainda que muitos acreditem que o problema do brasileiro é a falta de acesso à informação, não é isso que dizem os números. De acordo com um levantamento da FGV, há 447 milhões de dispositivos digitais em uso no país — entre computadores, notebooks, tablets e smartphones —, o que indica uma média de mais de dois dispositivos por habitante.

Os smartphones são, de longe, os mais populares, com 242 milhões de aparelhos ativos, um número maior do que a população total do país. E, quanto ao acesso à internet, a pandemia fez os indicadores crescerem como nunca, e, em 2020, o Comitê Gestor da Internet no Brasil revelou que 81% dos brasileiros com mais de 10 anos de idade têm internet em casa.

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Além de o brasileiro estar conectado, é um dos povos que mais passam tempo na internet: 3 horas e 47 minutos por dia, perdendo apenas para os nigerianos, filipinos e sul-africanos por questão de poucos minutos. Levando em conta os perfis mais populares nas redes sociais, não é difícil entender o tipo de conteúdo que é consumido.

Entre os brasileiros com mais seguidores no Instagram estão o jogador Neymar e a cantora Anitta, e o maior canal do YouTube, com mais de 65 milhões de seguidores, é da KondZilla Records, que divulga clips de funkeiros como MC Kevinho, MC Kekel e MC Mirella. O vídeo mais popular do canal é o do hit Bum Bum Tam Tam, de MC Fioti, com 1,7 bilhão de acessos, que diz logo no início: “as ‘novinha’ saliente ‘fica locona’ e se joga pra gente”. O refrão, acredite, é ainda pior.

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Elon Musk, o homem mais rico do mundo atualmente, afirmou que não é necessário frequentar uma faculdade para obter conhecimento. Para ele, pode-se aprender qualquer coisa, de graça, pela internet. Mas, obviamente, perfis e canais que levam instrução e conhecimento gratuitamente não chegam nem perto dos mais acessados.

As pessoas não estão perdendo apenas tempo com coisas que não acrescentam nada, mas também acabam jogando fora a chance de aprender qualquer tipo de assunto sem sair de casa, sem gastos extras e literalmente a qualquer hora. O que se vê é que, muitas vezes, a falta de interesse é bem maior do que a falta de oportunidades.

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