Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura no corpo, capaz de causar alteração funcional, estrutural ou até mesmo comportamental, que prejudica a saúde das crianças, adolescentes e adultos.
De acordo com a instituição, cerca de 2,3 bilhões de pessoas estão com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo, sendo que o número de crianças ultrapassa os 150 milhões. O excesso de peso nas crianças pode causar atraso de crescimento e o surgimento de uma série de condições psicológicas que podem prejudicar o desenvolvimento infantil como um todo.
Número de crianças com sobrepeso ultrapassa 150 milhões: prejuízo ao desenvolvimento
Marcello Casal Jr./Agência BrasilDiante de dados alarmantes como esses, governos de todo o mundo deveriam elaborar programas sérios de combate à doença, promovendo a educação alimentar e incentivando as pessoas a investirem em hábitos saudáveis. Isso porque a obesidade e o sobrepeso estão na lista de doenças evitáveis, mas encontram-se em amplo crescimento por conta de má alimentação e sedentarismo.
Porém, como sempre, na contramão da ciência vem a turma da lacração com campanhas que promovem a obesidade como liberdade de escolha e até mesmo motivo de orgulho. E, obviamente, quem diz qualquer coisa contrária ao que a “lacrolândia” determina como “sua verdade” será duramente atacado e classificado como gordofóbico, preconceituoso, disseminador de discurso de ódio. Mas será que vão dizer esse tipo de coisa sobre a própria OMS?
Enquanto isso, mais uma rede social – desta vez o Pinterest – entra na onda da lacração, divulgando que “nenhum tamanho é universal” e que não permitirá referência a nenhum índice, inclusive ao IMC (Índice de Massa Corporal) em anúncios ou depoimentos. Mas, contrariando essa afirmação, para a OMS, bem como para diversas entidades de saúde, incluindo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, o IMC é um indicador de saúde utilizado como padrão internacional para medir a obesidade e seu grau.
O Pinterest divulgou que a medida é uma “expansão da política de anúncios que proíbe depreciações de formas físicas e perigosos produtos ou alegações sobre perda de peso”. A plataforma anunciou também que vai continuar permitindo a divulgação de serviços e produtos sobre condicionamento físico, mas que não podem estar “focados em perda de peso”.
É certo que há produtos que prometem perda de peso de forma totalmente irresponsável e nociva à saúde, bem como a promoção de dietas malucas igualmente prejudiciais. Levantamentos da OMS, dão conta de que 22% das mortes de adultos são causadas por “dietas ruins”, portanto, essa prática deve ser combatida por todos os veículos de comunicação que têm compromisso com seus leitores e usuários. Porém, a narrativa de que índices científicos não devem ser considerados e que tudo o que se refere à perda de peso deve ser censurado é uma generalização perigosa.
O sobrepeso e a obesidade são altamente prejudiciais à saúde, mas podem ser evitados com a prática de hábitos relativamente simples. Esse deveria ser o foco de plataformas cujo alcance chega a milhões de pessoas. Porém, é muito mais fácil “lacrar” e posar de politicamente correto do que realmente propor ações de combate à desinformação e ao fomento de práticas nocivas. Obesidade é uma doença crônica séria que atinge bilhões de pessoas, portanto, precisa ser tratada por médicos e de acordo com a ciência. A lacrolândia não está preocupada com a sua saúde.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog https://bolsablindada.com.br/ . É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.
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