Esta semana o ditadorzinho mimado defendeu a censura que tanto dizia ser combatente. Como é triste um país que tem “influenciadores” como Felipe Neto, um anti-herói que sabe como manipular e usar crianças, adolescentes e pais desavisados. Mas, como aqui se faz, aqui se paga, ele também tem sido manipulado e usado como joguete por políticos inescrupulosos.
Mas o fato é que o tal nem esconde mais o seu amor incondicional à censura e o quanto a sua vontade tem de estar acima até mesmo da verdade. Vamos relembrar as palavras da eterna criancinha do cabelo colorido: “Pergunta sincera... Se você tivesse em mãos uma informação que você tivesse certeza absoluta de que faria o Bolsonaro ganhar as eleições, porque arruinaria o opositor aos olhos do eleitorado por algo que nem é tão grave assim. Você publicaria?”
Peço desculpas a você, leitor, por ter de ler algo que arruína a Língua Portuguesa, mas lembre-se de que vem de uma cabecinha da qual não vai sair nada muito melhor. Sobre o teor, o que podemos dizer? A ideia era defender o jornalista Glenn Greenwald, que pediu demissão do próprio jornal que fundou ao ter censurada uma matéria expondo alguns podres de Joe Biden, adversário de Donald Trump na corrida pela presidência dos Estados Unidos.
O post do sujeito que usa assento sanitário como colar é, primeiramente, uma declaração clara e cristalina de apoio à censura. Segundo: não importa o que é feito, mas por quem é feito. Mentir pode, quando interessa a eles, “ódio do bem” pode, quando a pessoa é odiada por eles, manipular pode, quando você, eleitor, é julgado como incapaz e que precisa que um “ser iluminado” lhe diga em quem votar. E para demonstrar a total falta de raciocínio da postagem ignóbil é só pensar um pouquinho: se a informação publicada fosse “algo que nem é tão grave assim”, de que forma “arruinaria o opositor aos olhos do eleitorado”?
A resposta de Greenwald: “A gente não pode fingir apoiar a democracia e depois exigir que os jornalistas ocultem informações que o público tem direito de saber sobre políticas poderosas. Você quer que os jornalistas manipulem o público em vez de informá-los. Eu não acredito nisso.” Entendi que o jornalista deu um pito no menino malcriado, mas não entendi muito bem o que ele quis dizer com: “a gente não pode fingir apoiar a democracia”. Enfim...
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Enquanto isso, as big techs seguem removendo uma quantidade enorme de postagens conservadoras “em prol da verdade”. Isso porque, de novo, você é julgado como alguém que não tem discernimento para perceber o que é mentira e o que é verdade. É preciso que “eles” façam isso por você. Mas não se incomode, afinal, embora tenham confessado manipular informações para que você pense e faça exatamente o que eles querem, é tudo para o seu bem, viu?
Realmente alguma coisa excepcional aconteceu em 2020 que fez com que todas aquelas pessoas que nunca ligaram a mínima para a população – políticos e poderosos da mídia – estejam agora extremamente preocupados conosco. Eles não querem que venhamos ser enganados – a não ser que seja por eles mesmos, claro – e não querem que morramos de covid-19 – embora não estejam nem aí se falta comida na sua mesa, se há outras doenças que precisam ser tratadas, ou mesmo com o que vai ser do aprendizado de milhões de alunos que perderam o ano letivo. Mas não faça drama e apenas #FiqueEmCasa enquanto eles decidem tudo por você.
E lembre-se que a doença chinesa só ataca os “mauzinhos” e que há horários e lugares que ela não aparece de jeito nenhum. Vejam como isso é “verdade” por meio de duas matérias do UOL, assim você vai saber onde pode ir e onde não, combinado? Em matéria publicada em 24 de junho o UOL diz: “Protestos do #BlackLivesMatter não causaram aumento de casos de covid-19”. Em outra, publicada em 09 de julho, a manchete é: “Casos de covid-19 disparam em Oklahoma após comício de Trump.” Se é aglomeração de esquerda o vírus se torna inofensivo, entendeu? Fique tranquilo e vá sem medo, só não esqueça a sua máscara.
Faça como o governador-ditador, digo, governador-gestor, que dá entrevista via internet, sozinho em uma sala, mas exibindo sua mordaça ideológica, ou melhor, sua máscara de proteção. Ele é tão fiel à sua conduta de manipulação que não deixa de exibir seu acessório preferido mesmo já tendo contraído covid-19. Que exemplo!
Resumindo: basta seguir o que eles dizem, mesmo que seja mentira, fingimento ou pura atuação. Afinal de contas, é tudo em prol de salvar a sua vida.
Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.