“Por que um prazo de entrega tão demorado? E por que esse frete caríssimo?”, questiona a garota que não se conforma em ter de esperar 10 dias para receber um produto de uma loja on-ine. O atendimento virtual da loja responde que utiliza os serviços dos Correios, onde não há como negociar prazos e nem tarifas. A garota, irritada, responde: “vocês sabiam que a Amazon entrega no dia seguinte? Perderam uma cliente!”
Hipocrisia: Che Guevara como ídolo, IPhone e férias nos Estados Unidos
REUTERS/Alexandre Meneghini/21.09.2018Olhando o perfil da mesma garota nas redes sociais, curiosamente, ela é contra a privatização dos Correios e tem como ídolos Karl Marx, Mao Tsé-Tung e Che Guevara. Suas selfies no espelho do elevador mostram que possui um iPhone e sua vida é publicada em redes sociais que só existem graças ao capitalismo. E a pergunta que fica é: como pode ser que boa parte da juventude, com tanto acesso à informação, não perceba que está mergulhada em um mar de contradições?
Querem todas as regalias que o capitalismo oferece, mas vivem a condená-lo sem nem mesmo conhecer o tipo de regime que defendem. Amam Cuba, mas vão passar férias nos Estados Unidos. Dizem não precisar de carros, mas não abrem mão de pedir um Uber. Pregam que as empresas não deveriam focar no lucro e sim nas pessoas, mas se o motoboy do iFood demora um pouco mais, reclamam e o classificam negativamente.
Sabemos que jovens tendem a romantizar o mundo, mas quando passamos dessa fase aprendemos que nem tudo é o que parece. O problema maior fica por conta dos adultos, principalmente de educadores, que nutrem esse tipo de pensamento e ainda doutrinam seus alunos que, sem se dar conta, se tornam hipócritas, falando uma coisa, mas vivendo outra. Não é à toa que estamos em uma época onde a coerência é algo raro de se ver.
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