Mais do que nunca, pais e responsáveis devem ficar atentos
Marcos Santos/USP ImagensO dia 4 de novembro de 2022 tinha tudo para ser uma sexta-feira comum para a turma do 8º ano da Escola Estadual Doutor Antônio Xavier da Rocha, no Bairro Itararé, em Santa Maria (RS). Porém, um professor de língua portuguesa – que prefere não ser identificado – decidiu trazer como exemplo de figuras de linguagem, um trecho do romance A Fúria do Corpo, do escritor gaúcho João Gilberto Noll.
Nele, o autor narra explicitamente a relação sexual entre um homem e um menino, onde o personagem adulto descreve o ato detalhadamente em primeira pessoa. Segue parte do trecho que, mesmo ocultando alguns termos, é nojento e revoltante. Pule para o parágrafo seguinte, caso queira se poupar de uma leitura asquerosa.
“E como se fosse a última noite, avanço em direção ao menino que está de costas e de um bote puxo sua cueca e debaixo d’água meto meu (*) duro no (*) do menino como se a matéria atraísse a matéria e jamais se colidissem, porque o meu (*) entrava como se tivesse sido feito para aquele (*) e o menino urrava e da minha boca era expelida a saliva da consagração e eu mordia os cabelos do menino e arrancava com os dentes feixes de cabelo do menino e o menino urrava e eu blasfemava contra a Criação e o menino fechava os olhos, sacudia a cabeça e urrava e seu (*) era fundo e o meu (*) sempre avançava mais e eu montei no menino com os pés em volta de suas ancas e as ondas escuras batiam violentas arrebatavam na nossa (*) e o sal nos salgava e nos ardia e eu trouxe a cabeça do menino pra trás e a minha língua tocou a sua garganta e a língua do menino alcançou o céu da minha boca e eu senti uma agulha penetrar pelo meu cérebro e o fulminar do nosso gozo único.”
Se esse trecho o incomodou e até o perturbou, imagine os efeitos que podem fazer nos alunos de 13 e 14 anos que tiveram de estudá-lo em sala de aula. Se isso não é a narração de um ato de pedofilia, o que seria, então? Será que trata-se de um conteúdo adequado para essa faixa etária? Ou será que temos de normalizar literatura erótica, pornográfica e recheada de palavrões dentro das escolas? Será que é essa a expectativa de pais e responsáveis quando mandam seus filhos para uma instituição pública de ensino?
As denúncias foram encaminhadas para a 8ª Coordenadoria Estadual de Educação (CRE) que, por considerar o texto inadequado para a idade dos alunos, decidiu afastar o professor do cargo. José Luis Viera Eggres, coordenador da 8ª CRE, afirmou que será aberta uma sindicância e que, durante todo o processo, um novo professor substituirá o profissional afastado.
O diretor da escola, Cícero dos Santos, descreveu o docente em questão como “um excelente profissional, que não teve a intenção”. Santos declarou aos pais e às famílias dos alunos que o professor “foi infeliz ao usar esse exemplo”.
Em nota, o professor afirmou que “o palavrão figura na língua e é reiteradamente usado em circunstâncias informais da sociedade”. Ele também discorreu sobre suas atribuições: “Meu papel, enquanto professor, é o de mensurar contexto, ou seja, em quais circunstâncias sociais é possível utilizá-lo. E é esse o trabalho realizado em sala de aula. Peço desculpas em o material ter ofendido a qualquer aluno/a e suas famílias. Peço desculpas pelo ‘infeliz’ exemplo. Não é essa a intenção do material didático”.
Se essa não é a intenção, por que escolher esse tipo de material entre tantos milhares disponíveis? Será que nos falta literatura adequada ou, sendo este um professor “excelente”, cujo papel é “mensurar contextos” e avaliar as “circunstâncias sociais” para sua utilização, escolheu esse material exatamente pelo contexto que traz?
Mais do que nunca, pais e responsáveis devem ficar atentos ao que tem sido ensinado nas escolas, quer sejam públicas ou particulares. A doutrinação esquerdista e a erotização de crianças e adolescentes não são teorias da conspiração, mas sim, realidades cada vez mais presentes dentro das instituições de ensino. É preciso vigiar, denunciar e punir os responsáveis.
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