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Análise: Seja mais esperto do que os espertalhões

Nossa cultura confunde o que é ser bobo com ser bom, ser ingênuo com ser honesto e ser enganado com ser inocente. Passou da hora de mudar isso!

Patricia Lages|Do R7

Você já deve ter ouvido casos – ou protagonizado histórias – onde uma pessoa foi enganada, passada para trás ou feito de boba por alguém mais “esperto”. O que geralmente se faz em casos como esse é sentir comiseração pelo enganado e raiva de quem enganou. Porém, é preciso analisar o seguinte: não há enganador se não houver quem permita ser enganado. Assim como não há explorador se não houver quem permita ser explorado.

Não há enganador se não houver quem permita ser explorado
Não há enganador se não houver quem permita ser explorado Não há enganador se não houver quem permita ser explorado

Não é segredo para nenhum brasileiro que as tentativas de engano reinam plenas em nosso país, mas, ainda assim, grande parte das pessoas insiste em agir com ingenuidade, confiando em quem não teve de fazer nada para obter sua confiança.

Atendi uma viúva cujo marido havia deixado um imóvel e uma quantia em dinheiro no banco como herança. Ela confiou cegamente em um único corretor que “parecia tão honesto” e lhe deu carta branca para vender o imóvel “conforme ele achasse melhor”. Da mesma forma, ela confiou 100% na gerente de um banco e colocou todo o dinheiro em um único produto que, segunda a gerente, era um “ótimo investimento”: títulos de capitalização.

Essa senhora se julgava tão boa, mas tão boa que era incapaz de imaginar que alguém poderia enganá-la. Ainda mais sendo ela uma senhora viúva e inocente, que dependia daquele dinheiro para viver o resto de seus dias. “De jeito nenhum alguém teria ‘coragem’ de me enganar. Eu sou tão inocente que não vejo maldade em nada”, dizia ela.

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Os resultados foram desastrosos. O corretor, desesperado pela comissão, vendeu o imóvel por praticamente metade do que valia, com total anuência da proprietária, que assinou tudo apenas na confiança. Naquele momento, os problemas financeiros que o corretor enfrentava foram amenizados, enquanto os dela, estavam apenas começando.

Isso porque, no momento de resgatar o dinheiro dos diversos títulos de capitalização que a viúva pagou religiosamente durante anos, percebeu que sua conta estava mais magra e não mais gorda. “Deve ter havido algum engano, só pode ser”, pensou ela. Porém, lendo os contratos dos títulos de capitalização, confirmou que não eram investimentos, mas sim, apenas oportunidades de participar de diversos sorteios ao longo do período. Além disso, havia uma regra bem clara: somente 75% do dinheiro pago seria devolvido com um rendimento irrisório. Os outros 25% ficaram para o banco legalmente.

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A ingenuidade não poupa ninguém das consequências das más escolhas, ao contrário, faz de quem a possui uma vítima perfeita. É preciso ser bom o suficiente para agir com prudência e não permitir que esse tipo de coisa nos sobrevenha. É preciso ser muito mais esperto do que os “espertalhões” acham que são.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.

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