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Análise: Tolerância só com quem concorda

Burger King promove linguagem neutra em anúncio, mas, ao receber críticas, ataca e ofende internautas

Patricia Lages|Do R7

Campanha da empresa nas redes gerou polêmica
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Em comemoração ao Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e Transfobia, 17 de maio, a rede de fast-food Burger King publicou um anúncio utilizando linguagem neutra ou não-binária. “Bandeiras de ‘todes’” foi o título escolhido para a peça que mostra sete coroas com cores representando cada movimento.

No anúncio, não há coroa representando os heterossexuais, logo, subentende-se que essa classe de pessoas não faz parte do todo na visão da empresa. Nesse contexto, é como se homens e mulheres que se identificam como homens e mulheres fizessem parte de um time que joga contra todas as pessoas que optaram por outras orientações sexuais. Porém, quem conhece um pouco do universo LGBTQ+ sabe que há muita rivalidade entre seus diversos grupos, o que inclui o que tanto atacam: preconceito. E quanto mais se dividem, maior se torna a falta de consenso.

Em sua conta no Twitter, o Burger King recebeu inúmeras críticas pelo uso incorreto da língua portuguesa e por dar a impressão de que estava apenas tentando “lacrar”, ou seja, se autopromover com a publicação. “Todos nós respeitamos a diversidade, então respeitem a língua portuguesa”, tuitou uma internauta, enquanto outro escreveu “Entenda, uma coisa é respeito, outra é lacração. Por falar nisso, me deu vontade de comer um Big Mac”. Em resposta aos comentários, o Burger King começou a atacar e acusar vários internautas de serem “preconceituosos”. Devido ao boicote que começou a se formar por conta do posicionamento nada tolerante por parte da lanchonete, a publicação foi apagada.

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Mas a interação mais polêmica ficou por conta da recomendação que o próprio Burger King fez a um de seus críticos para “passar bem longe” de suas lojas. Adriano Araújo respondeu o anúncio dizendo “Obrigado por avisar, não passo nem perto dessa lacração”, e a lanchonete rebateu em português mal escrito: “Depois dá uma olhada no nosso site para verificar onde fica nossas lojas, assim você pode passar bem longe mesmo, pois não toleramos preconceito!”

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Por conta da campanha, que acabou mostrando que a rede só tolera quem concorda com suas opiniões e que não tem tato para lidar com críticas, a assessoria de comunicação emitiu uma nota. “Reconhecemos a complexidade do tema levantado em nossos canais digitais. Nós, do BK, acreditamos que todas as pessoas são bem-vindas e fazemos questão de reforçar a necessidade e a importância de assuntos como esse para a sociedade. Consideramos e absorvemos todas as manifestações e agradecemos por elas. Quanto mais conhecemos e discutimos, mais aprendemos e mais informados estamos para lutar contra a LGBTfobia".

Nem sempre quem lacra, lucra. Aliás, quase nunca.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

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