Lula participa de Executiva Nacional do PT, em Salvador (BA)
TIAGO CALDAS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDOUma vez que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva se recusa a apresentar seu plano de governo antes das eleições, o eleitor que pretende dar esse cheque em branco a um ex-presidiário descondenado (que espalha a fake news de que foi inocentado) no mínimo deve ter ciência das resoluções que seu partido se comprometeu a pôr em prática.
Em abril deste ano, o site do Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma série de compromissos caso assuma o poder. Entre eles destacam-se itens que muita gente acredita serem apenas “lendas urbanas”, mas que, ao contrário disso, são bem reais: a legalização das drogas, o desencarceramento, o desarmamento da população e a desmilitarização da polícia.
Não é à toa que Lula é o candidato preferido de oito a cada dez presos; afinal de contas, cada classe vota no candidato que melhor a representa. É óbvio que quem está preso quer ser solto; é óbvio que os traficantes de drogas que estão soltos querem a garantia de não serem presos; e é óbvio que todo tipo de criminoso quer ter a certeza de que as pessoas a quem pretende assaltar, roubar, matar etc. não estejam armadas para que possam se defender. E, para fechar a fórmula do crime perfeito, a desmilitarização da polícia é a cereja do bolo.
Além disso, o documento traz dados equivocados, como o citado no item 6 dos Elementos para um Programa de Governo Comprometido com os Direitos Humanos, que se compromete a: “implantar políticas imediatas para acabar com o extermínio em massa de jovens pretos, priorizando a redução dos homicídios — hoje são 45 mil pessoas por ano”.
Porém, segundo dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, o número total de homicídios registrados no Brasil em 2021 foi de 47.503 pessoas, logo, sugerir que 45 mil mortes foram de jovens pretos é, no mínimo, induzir o eleitor ao erro. Além disso, a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) diminuiu em 6,5% em relação a 2020, ao contrário do que a redação do item faz parecer quando cita que há “extermínio em massa” no país. Para fechar o tema, esse índice de MVI é o menor desde 2011, início da série histórica.
Os itens 7, 8, 9 e 12 do documento também devem ser observados por quem pretende votar 13 no próximo domingo:
7. Rever toda a arquitetura da Segurança Pública. Reorganizar e desmilitarizar as polícias;
8. Cessar a guerra às drogas: regular, descriminalizar, redução de danos, educação e saúde;
9. Reverter o encarceramento em massa de pretos e pobres, a começar por desencarcerar milhares de presos provisórios;
12. Desarmar o país, campanha massiva antiarmas, rever toda a legislação bolsonarista, política radical de redução do número de armas circulando no país, retomar Estatuto do Desarmamento.
Portanto, se você pretende votar em Lula só porque odeia Bolsonaro, faça isso com a consciência de que, a partir do ano que vem, haverá milhares de bandidos a mais nas ruas e mais drogas circulando livremente (inclusive em locais estratégicos, como a porta da escola dos seus filhos). Em contrapartida, não se dê ao trabalho de chamar a polícia, pois ela não poderá ajudar e, para piorar, você não terá acesso a nenhum tipo de armamento para se defender.
Se é isso que você quer, vá em frente! Os criminosos agradecem seu voto de confiança ao partido com quem eles têm um “diálogo cabuloso”. Mas saiba que não é por isso que eles vão aliviar para o seu lado. Amigos, amigos, negócios à parte.
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