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Designer de mamilos: especialidade mais bizarra dos últimos tempos

A possibilidade de mudar o corpo com as mais malucas intervenções cirúrgicas dá à mulher a falsa sensação de poder de escolha sobre si mesma

Patricia Lages|Patricia Lages, do R7

O que muitas americanas estão buscando?
O que muitas americanas estão buscando? O que muitas americanas estão buscando?

Não é segredo para ninguém que as mulheres estão sempre às voltas com suas questões sobre o corpo. Muitas nunca se acham magras o suficiente, querem saltos cada vez mais altos (ainda que sejam extremamente desconfortáveis) e mudam a cor dos cabelos como quem troca de camiseta (ainda que custe uma fortuna consertar os estragos causados por tanta química).

Mulheres têm toda disposição do mundo para sentir qualquer tipo de dor e correr diversos riscos em relação à saúde se for para ficarem mais bonitas e atraentes. Mas como esses adjetivos são muito subjetivos, fica a pergunta: o que considerar, no final das contas, como bonito e atraente?

Uma época a moda diz que sobrancelhas bonitas são finas e arqueadas, e o que muitas mulheres fazem? Lotam os salões para, imediatamente, livrar o rosto daquelas “taturanas”. Pronto! Agora elas estão com um rosto mais leve e com um ar mais natural, logo, estão mais bonitas. Passado um tempo, a moda diz que sobrancelhas atraentes são as grossas, e o que muitas mulheres fazem, uma vez que aqueles pelos que arrancaram não crescem mais? Correm para os salões em busca de micropigmentação para tirar aquele “arame” arredondado de cima dos olhos e ganhar um olhar marcante, com traços grossos e retos, não importando a mínima se parecem naturais ou não.

A possibilidade de mudar o corpo com as mais malucas intervenções cirúrgicas dá à mulher a falsa sensação de poder de escolha sobre si mesma. Mas, na verdade, ela tem apenas sido escrava da mídia e colocado sua saúde em risco por puro modismo. 

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E o mais bizarro dos modismos que estão surgindo, na minha opinião, é o “designer de mamilos”. O cirurgião plástico americano Norman Rowe se diz especialista em mamilos e oferece às suas pacientes a possibilidade de mudar a firmeza, a forma e até mesmo a cor dos mamilos. Em seu badalado consultório, em Nova York, ele afirma que, depois da intervenção, as mulheres poderão destacar mais os seus seios através das roupas.

E o que tem os “mamilos do momento” para que as mulheres queiram ser iguais a ela? Kendall Jenner, a modelo americana que ficou conhecida mundialmente pelo reality show “Keeping Up with the Kardashians”. A irmã de Kim Kardashian — de quem muitas mulheres copiam os quadris e o bumbum — costuma aparecer em público sem sutiã, exibindo seus mamilos “perfeitos” através da roupa. E o que muitas americanas estão buscando? Mamilos a la Kendall Jenner, claro!

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Será mesmo que as mulheres de hoje são mais livre do que aquelas de antigamente que eram obrigadas a ter uma cintura de pilão vivendo literalmente presas em espartilhos que lhes tiravam até o fôlego? Será que na nossa época, onde as mulheres se dizem donas de suas escolhas, são elas mesmas que têm dado a última palavra sobre o que querem? Será que as mulheres lutaram tanto no passado para não serem vistas como objetos para, agora, fazerem de seus corpos nada mais que objetos que podem ser alterados por tudo e por nada, arriscando sua saúde em procedimentos fúteis para seguirem o que a mídia determina, dita, manipula, estabelece, impõe? Escolha a palavra que achar melhor.

A medicina, a ciência e os avanços tecnológicos deveriam fazer de nós pessoas mais conscientes, com uma melhor qualidade de vida e, portanto, mais livres. Mas não me parece que é isso que tem acontecido em relação a nós, mulheres. Todo dia surge uma “regra” nova, a cada estação precisamos nos adequar mais e mais e, com isso, a busca pela estética “perfeita” não acaba nunca. A mulher que não for forte o bastante para não se enveredar por esse caminho sem volta, se arriscará a viver cada dia mais frustrada, mais ansiosa e mais infeliz consigo mesma.

Para uma reflexão maior sobre o tema, assista este vídeo e veja o que a publicidade pode fazer com o seu bolso e com a sua autoestima: 

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