Desenrola Brasil poderá beneficiar até 70 milhões de endividados
Estadão Conteúdo / Fotoarena / Aloisio Mauricio – 17.07.2023Segundo dados do SPC Brasil e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), 60,2 milhões de brasileiros encerraram o ano de 2017 com o CPF negativado, ou seja, com uma ou mais dívidas vencidas que levaram seu nome aos cadastros de devedores.
De lá para cá foram realizados inúmeros programas e feirões de renegociação para propor facilidades ao devedor, como a diminuição e até mesmo a retirada total dos juros e a possibilidade de parcelamento com mensalidades de valor mais baixo.
Veja também
-
Economia
Dora Figueiredo fez um negócio errado? Veja se proprietário pode aumentar aluguel após reforma
-
Brasília
Sócio da 123milhas diz que cerca de 150 mil pessoas que compraram pacotes não vão conseguir viajar
-
Patricia Lages
'Corpos praticam esporte, não identidades', protesta levantadora de peso após mulher trans bater recorde feminino
Mesmo com todas essas medidas, a situação atual se mostra ainda pior. Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa, em julho deste ano o número de inadimplentes foi de 71,41 milhões, ou seja, um salto de quase 19% em menos de seis anos. Além desse aumento, o valor das dívidas também cresceu.
Em julho de 2022, o valor médio das dívidas por pessoa era de R$ 4.253,26, o que somou R$ 287,6 bilhões em dívidas, ou seja, um montante que deixou de circular no país e corroeu o orçamento dos devedores com a cobrança de juros. Já em julho de 2023, o valor médio das dívidas por pessoa subiu para R$ 4.923,97, e a soma das dívidas bateu a casa dos R$ 351,6 bilhões.
Por outro lado, um levantamento do Banco Central e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) mostrou que 70% dos brasileiros gastam o salário todo ou mais, o que representa cerca de 150 milhões de pessoas sem planejamento ou controle financeiro.
O que as estatísticas demonstram é que a inadimplência se tornou um problema crônico no país, ou seja, as causas não vêm apenas de situações ocasionais ou emergenciais, mas sim de situações comportamentais. É comum ao brasileiro gastar tudo ou mais do que ganha e usar o crédito como complemento de renda.
Os programas de renegociação não têm sido suficientes para tirar as pessoas das dívidas, pois eles simplesmente remediam o problema sem combater a causa. A falta de educação financeira e uma vasta oferta de crédito são as principais fontes da inadimplência. É preciso que o inadimplente entenda o que o levou a essa situação e mudar suas atitudes para alcançar resultados diferentes.
Enquanto isso não for feito, qualquer medida paliativa — por melhores que sejam as intenções — será como tapar o sol com a peneira.
Abono salarial PIS/Pasep ainda tem mais de R$ 400 milhões esquecidos
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.