Ah... o que seria de nós, brasileiros, sem leis que nos permitam fazer o que já podíamos fazer sem que houvesse necessidade de leis que nos permitissem fazer? Não, não é nada confuso para quem vem maratonando a interminável série “O Brasil não é para Amadores”.
E antes que alguém pense que se trata de alguma pegadinha ou “fake news”, aqui vai o texto da pomposa lei 11.341 de 26 de julho de 2021:
“O Governador do Estado do Espírito Santo
Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica autorizada, no Estado do Espírito Santo, no momento da vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 - COVID-19, a presença de um acompanhante dentro do local onde será administrada a vacina, podendo ainda utilizar-se de equipamento fotográfico e/ou de filmagem para registro da aplicação.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio Anchieta, em Vitória, 26 de julho de 2021.
JOSÉ RENATO CASAGRANDE
Governador do Estado”
Certamente essa é uma vitória para todos os capixabas que, desde a promulgação da lei, não correrão riscos que já não corriam, como terem de fazer uma “selfie” no momento da vacinação ou pedir que algum estranho eternize o acontecimento. Também não haverá nada a temer, já que, para todos os efeitos, a ação que nunca foi contra a lei continuará não sendo.
Ironias à parte, a lei se presta a evitar casos de simulação de vacinação, como vistos desde o início da campanha por meio de registros que davam a entender que o imunizante não estava sendo devidamente aplicado. Porém, foi justamente o registro espontâneo feito por acompanhantes que reprimiu esse tipo de prática. Logo, por que gastar o dinheiro do contribuinte pagando altos salários para que legisladores autorizem práticas que nunca foram proibidas? Agora só nos resta esperar que também seja permitido postar as imagens que os acompanhantes produzirem nas redes sociais e usar a hashtag #VivaoSus, mesmo por parte das celebridades que jamais utilizaram o sistema. Se bem que, por conta da polêmica que envolve a temática, talvez seja necessário um plebiscito.