Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que, apesar de usarem o termo instituto de pesquisa — que rende certa credibilidade —, trata-se de empresas privadas e não órgãos oficiais ou instituições sem fins lucrativos, como parte da população parece crer.
Não é a primeira vez que essas empresas erram feio e são criticadas; porém, nas eleições deste ano, as coisas foram um tanto diferentes, e por diversas razões. Alguns partidos chegaram a descartar candidaturas baseando-se apenas em levantamentos feitos por tais institutos, a exemplo do que aconteceu com o pré-candidato João Doria.
Quem não está vivendo em uma realidade paralela sabe muito bem que há várias empresas de pesquisa intimamente ligadas a grupos de comunicação que apoiam a esquerda. Além disso, a Quaest/Genial, uma das que mais erraram, tem como CEO Felipe Nunes, que participou das campanhas que elegeram Dilma Rousseff, do PT.
Coincidência ou não, durante toda a campanha, os números de Lula apareceram muito mais altos, e os de Bolsonaro, bem mais baixos do que as urnas mostraram. Levando em conta a diferença real de 4,9% entre Lula (48,2%) e Bolsonaro (43,3%), chegam a ser desconcertantes as prévias apresentadas nas pesquisas abaixo.
• Ipec/Globo: Lula, 52% – Bolsonaro, 34% (diferença de 18 pontos)
• Quaest/Genial: Lula, 51% – Bolsonaro, 36% (diferença de 15 pontos)
• Datafolha/Folha: Lula, 50% – Bolsonaro, 36% (diferença de 14 pontos)
• Ipespe – Lula, 51%: Bolsonaro, 38% (diferença de 13 pontos)
• FSB/BTG Pactual: Lula, 48% – Bolsonaro, 37% (diferença de 11 pontos)
A que mais se aproximou do resultado foi a Paraná Pesquisas, com 47% para Lula e 40% para Bolsonaro, uma diferença de 7%.
Não é à toa que as redes sociais, um dia após o primeiro turno, estejam levantando a hipótese de que esses erros sejam uma espécie de fraude eleitoral. Resta saber como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai encarar a questão e como essas empresas se comportarão no segundo turno, que, como sabemos hoje, trará uma disputa extremamente acirrada.
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