Patricia Lages Regulação da internet pode por fim à verificação de fatos

Regulação da internet pode por fim à verificação de fatos

Com promessa de combater fake news, regulação das redes sociais pode promover efeito diametralmente oposto

Regulação da mídia oferece riscos

Regulação da mídia oferece riscos

Pixabay

Só na semana passada duas fake news publicadas por grandes veículos de comunicação – ambos proprietários de agências de checagem – foram desmentidas por usuários do Twitter e, em seguida, repostadas amplamente em outras redes sociais.

Uma das notícias, publicada por O Globo, traz a manchete: “Brasileira transexual é agredida com bastão, chutes e gás pimenta por policiais em Milão”. A matéria exibe até um vídeo para comprovar o ataque a quem parecia ter sido agredida gratuitamente em mais um caso de transfobia.

Em resposta, usuários do Twitter publicaram o motivo de a polícia ter reagido ostensivamente, incluindo links de jornais italianos descrevendo o ocorrido na íntegra. Segundo a imprensa local, a transexual se despiu diante de uma escola, na frente de crianças, gritando frases sem sentido e ameaçando infectar com HIV quem se aproximasse.

Denunciada pelos pais dos alunos, a mulher trans reagiu violentamente à prisão, o que fez os policiais recorrerem à força. Diante de um possível surto psicótico, a polícia italiana chamou uma ambulância para prestar socorro à brasileira, porém, os paramédicos não conseguiram atendê-la devido ao alto grau de agitação.

Outra fake news foi a acusação por parte da colunista Giovana Madalosso, da Folha de S. Paulo, de que uma casa em Urubici, Santa Catarina, exibe uma saudação nazista. A jornalista afirma que a palavra “Heil”, que aparece no telhado da propriedade, seria “possivelmente” uma “alusão ao nazismo” e chega a chamar a estrutura de “telhas arianas”. Madalosso aproveitou para criticar tanto os catarinenses quanto Jair Bolsonaro, afirmando conhecer bem o eleitorado do estado, cuja maioria “votou em um fascista”.

Apontando a falsa acusação, usuários do Twitter esclareceram que Heil é o sobrenome do construtor Valmor Heil, especializado em casas de temporada. Diante da repercussão nas redes sociais, a Folha se retratou, afirmando que “a falta de uma rigorosa checagem de dados, conforme recomenda o Manual da Redação, levou ao erro cometido pelo jornal”.

É justamente a liberdade da qual os usuários das redes sociais disfrutam que permite que fake news – publicadas por quem quer que seja – venham ser desmentidas e a verdade prevaleça. Sem isso, corremos o risco de uma inundação de notícias falsas sem que haja qualquer contraponto, o que seria o extremo oposto do que a regulação diz combater. Estejamos atentos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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