Às vésperas de mais um "Dia Internacional da Mulher" rolou a cerimônia do Oscar e, com ela, aquele festival de análises sobre o que vestiram ou deixaram de vestir as celebridades que passaram pelo tapete vermelho. Sim, todo mundo gosta de dar um pitaco no visual alheio, mas confesso que, desta vez, me causou certo mal estar perceber o quanto, com isso, colaboramos todas com uma máquina de moer auto-estimas, seja de anônimas ou famosas.
Como várias conhecidas, eu sempre achei super legal assistir ao tapete vermelho e comentar a maquiagem, o cabelo e especialmente a roupa das atrizes. Como fulana estava medonha. A outra deslumbrante. Vãrias sem noção alguma. Umas com pano de menos, outras com laços de mais.
Mas, na boa, acho que em 2018 não dá mais para fazer isso. Quem somos nós para colocar na berlinda fashion esta ou aquela mulher. A troco de quê? Quem perde com isso somos todas. Perpetuamos um modelo de opressão, que tem no figurino das atrizes uma de suas expressões. Vocês já se deram conta do quão ridículo é, hoje em dia, fazer esse tipo de julgamento?
De que adianta a gente passar anos defendendo discursos de liberdade feminina para tropeçar no primeiro red carpet que aparece? Acredito que seja preciso mais coerência. Uma coisa é olhar para aquela vitrine como inspiração (ou não). Mas daí a apedrejar atrizes por estarem desta ou daquela forma, felizmente, não tem mais cabimento.
Da mesma forma como não faz sentido criticar mulheres que mostram seus corpos de biquíni, alheias às críticas. Muita gente ainda perde tempo para xingar e maldizer atrizes, cantoras e dançarinas que têm tido coragem de enfrentar o padrão estético, como Preta Gil e Mariana Xavier. Sobre isso falei hoje no jornal SP no Ar, da Record TV.
Está mais do que na hora de deixarem as mulheres em paz. De entenderem que a essência feminina não está na roupa, na maquiagem, no cabelo ou no corpo. Tomara que este Dia Internacional da Mulher sirva de momento para reflexão a todas nós. Muito falamos dos assédios e violências cometidas por homens. Mas há crueldades que só as mulheres são capazes com outras mulheres. E está na hora disso acabar.