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Chefs de cozinha sofrem ataques ao se posicionarem contra o racismo

Ofensas racistas e mensagens de ódio marcam a semana de cozinheiros que protestaram contra o fascismo nas redes sociais

É de comer|Do R7

Chef Vivianne Wakuda sofreu ataques racistas nas redes sociais
Chef Vivianne Wakuda sofreu ataques racistas nas redes sociais Chef Vivianne Wakuda sofreu ataques racistas nas redes sociais

"A Guerra não é de brancos contra negros, é de todos contra racistas."

Uma frase que é óbvia para mim, pode até ser para você e que faz todo o sentido para a chef patissière Vivianne Wakuda, virou motivo para um ataque virtual contra a confeiteira paulista, de 32 anos. Vivianne, que dedica seus dias a construir maravilhas que adoçam a vida dos clientes, experimentou o gosto amargo do racismo - ao se posicionar nas redes sociais diantes dos atos de violência contra negros nos EUA e no Brasil.

“A partir desse momento duas pessoas começaram a me atacar, me chamando de comunista (?), me mandando voltar pra minha terra (sendo que sou brasileira), dizendo que cuspi na terra que me acolheu. Uma falou que era influencer, e que iria me denunciar (por eu ser antirracista)”, contou a confeiteira em entrevista a este blog. “Comecei a tremer de nervosismo... Ser antirracista deveria ser normal. Isso é o que mais me indigna”, completa.

Vivianne é neta de japoneses, nascida na cidade de São Roque, no interior paulista e formada em Gastronomia pelo Senac. Uma bolsa de estudos garantiu a ela uma especialização em confeitaria no Japão, ramo no qual atua há 14 anos. A chef famosa pela sua receita de choux cream (uma espécie de carolina recheada com creme confeiteiro) entra agora para o rol de cozinheiros que se posicionam nas redes sociais e são atacados por isso.

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No começo, tudo era mato. Era só postar uma foto de um prato e receber os elogios por ele. Mas hoje, a relação dos cozinheiros com o ambiente virtual ficou muito mais complexa. Quanto mais destaque nas redes sociais, mais vulnerabilidade. Vivianne já havia sido alvo de ataques racistas durante a pandemia, no mundo físico. “Sofri injúria racial algumas vezes. Um exemplo foi no início da pandemia, que me viram e xingaram na rua: Volta pra China, desgraçada", revela. Na internet, ela percebeu que é ainda mais difícil buscar justiça. “Fui procurar saber se seria possível fazer um B.O. somente com os prints que salvei, mas tinha que ter o URL das mensagens, coisa que infelizmente não tenho, porque eles apagaram as mensagens após a reação dos meus seguidores”, conta.

Em uma semana em que os protestos antifascistas se espalham pelo mundo, os racistas contra-atacam na internet, afinal, atrás da tela do computador fica mais fácil permanecer no obscurantismo.

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Janaína Rueda também sofreu ataques ao se posicionar
Janaína Rueda também sofreu ataques ao se posicionar Janaína Rueda também sofreu ataques ao se posicionar

Ao postar o símbolo antifascista e defender a democracia em seus posts, Janaína Rueda, proprietária do restaurante Bar da Dona Onça, em São Paulo, recebeu essa semana uma enxurrada de comentários irônicos e ataques de extremistas. "Por conta do nosso posicionamento político e social, já fomos ofendidos e atacados diversas vezes nas redes sociais. Geralmente, são pessoas que não mostram a cara, sem foto da pessoa, conta privada e muitos também são perfis falsos", contou Rueda.

A nutricionista Neide Rigo, que costuma se posicionar politicamente em seu Instagram também sempre se vê às voltas tendo que rebater mensagens de ódio. A timeline dos posts com conteúdo político e social da chef e apresentadora Danielle Dahoui se transforma muitas vezes em um campo minado de comentários violentos.

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A cozinha sempre foi um lugar de mudança social e cultural da sociedade. Mas os difusores de mensagens de ódio das redes sociais parecem ter começado a se atentar a isso somente agora, com o campo de batalha político que se instaurou na internet. O posicionamento dos chefs como agentes de mudança é mais do que natural e bem-vindo. Estamos em um momento em que os clientes demandam isso. Assim como ocorre com as marcas e empresas, o consumidor quer saber como aqueles que provém o alimento se portam diante dos fatos. Assim, é possível escolher melhor quem está mais alinhado com os seus valores. O que não é normal é que os chefs sejam atacados por dar sua opinião.

“Os meus seguidores me apoiaram muito e a reação contra esses ataques foi muito positiva, me senti acolhida por eles! Eu não sou ativista, mas não vou me calar diante desses absurdos”, finaliza Vivianne Wakuda.

Quer saber mais sobre gastronomia, alimentação sustentável e tudo que gira em torno do mundo da cozinha? Me segue lá no meu insta, o @ehdecomer. Só não vale mandar mensagem de ódio, ok?

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