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Uma cozinha só de mulheres, mas para todos

Do nome ao comando das panelas, o Nelita, restaurante novo da Tássia Magalhães tem uma grande inspiração feminina que vem de gerações na família da chef. Na cozinha: só dá elas.

É de comer|Do R7

O time feminino do Nelita
O time feminino do Nelita O time feminino do Nelita

Ao navegar pelas redes sociais de restaurantes bacanudos não estranhe se você se deparar um dia com um anúncio assim: “Estamos contratando: confeiteira, cozinheira, auxiliar de cozinha -mulheres!”

É que nasce em São Paulo, mais precisamente no bairro de Pinheiros, uma nova tradição: uma cozinha comandada por elas, para todos os públicos - o Nelita. Essa é a proposta da chef Tássia Magalhães, uma jovem talentosa cozinheira com passagem pelo tradicional Pomodori e também sócia do Riso e Ria.

Ao fundo, balcão do Nelita aproxima as chefs e os clientes
Ao fundo, balcão do Nelita aproxima as chefs e os clientes Ao fundo, balcão do Nelita aproxima as chefs e os clientes

Com um pé direito alto, o restaurante bem iluminado e arejado esconde mais aos fundos o palco da magia: o balcão, sem barreiras entre cozinha e “audiência” permite que o cliente veja a dança das caçarolas e frigideiras que a brigada feminina promove nas refeições.

Foie Gras, matchá e maçã verde
Foie Gras, matchá e maçã verde Foie Gras, matchá e maçã verde

Não se engane, a Tássia tem carinha de menina, mas é a “braba” na execução. O menu tem influência italiana, principalmente, mas nas entradas, há uma brilhante terrine de foie gras com matchá e maçã verde.

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Conversei com a Tássia. Ela me explicou que o fígado de ganso nacional evoluiu muito na última década e que os chefs conseguem encontrar bons produtores, preocupados com o bem-estar animal, mas que a escala ainda é reduzida. Pra quem não é muito afeito à proteína, tem também a croqueta de cogumelos e nirá: sem carne e saborosíssima.

As massas cozidas perfeitamente são leves, dá vontade de pedir uns 10 pratos. Comi o papardelle com polvo e espinafre - combinação que julguei inusitada ao ler o menu: paguei pra ver e me surpreendi positivamente (o molho de base é vermelho e o espinafre vem em pequenas porções cremosas). O polvo tem a cocção perfeita e belos tentáculos sobrepõem a massa. O agnolotti de cabra, limão confit, mel e alho negro é outro carro chefe da casa. Lindo e delicado.

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Papardelle e polvo
Papardelle e polvo Papardelle e polvo

Para adoçar a vida, a panacotta vem entre duas bolachas e é de uma delicadeza que você pára e pensa: tem um toque feminino nessa obra.

É uma Panacotta ou uma obra de arte?
É uma Panacotta ou uma obra de arte? É uma Panacotta ou uma obra de arte?

Enfim, menu excelente, técnico, preciso, elegante e perfumado. Para beber: uma boa carta de vinhos e drinks - com direito a versões sem ácool, das quais tenho sido mais adepta nesse momento (detalhe: se for pedir água com gás, especifique sua preferência, senão vem a italiana San Pelegrino de 20 e tantos reais)

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Mas vamos à história do lugar e ao fato da chef ter escolhido somente mulheres no time dela. A gente sabe que, apesar de mulheres e cozinha serem uma das combinações mais antigas da Terra, quando se trata de cozinha profissional, a história é outra. O ambiente é, muitas vezes, hostil, regado a assédio e machismo. Perguntei pra Tássia de onde veio essa ideia de compor a brigada 100% feminina. “Por incrível que pareça as mulheres no geral são minoria nas cozinhas profissionais. Vivenciamos muito preconceito e as mulheres são maravilhosas para o trabalho em equipe, extremamente inteligentes, caprichosas, tem força de vontade e pique para a rotina pesada que envolve a cozinha de um restaurante. No Nelita, foi algo que aconteceu de uma forma espontânea e que funcionou muito bem. Acabei aderindo a um time então, exclusivamente de mulheres em minha cozinha. Trabalhamos em um clima de equipe muito bom, com total respeito, o que é fundamental. Elas foram minha inspiração inclusive para a criação do menu degustação”, contou.

Tássia Magalhães, chef do Nelita
Tássia Magalhães, chef do Nelita Tássia Magalhães, chef do Nelita

E como reagem os clientes ao chegar no balcão e só ver mulheres?

“A maioria ainda se surpreende quando vê que somos somente mulheres, por incrível que pareça. Todos gostam, se impressionam com a forma que trabalhamos... alguns comparam a como se fosse um espetáculo... e a cozinha do Nelita, o palco. É muito bom! Uma correria louca, mas tudo flui muito bem. Nós mulheres nos entendemos bem, é tudo muito colaborativo”.

Tássia conta que a integração entre as cozinheiras e os clientes foi inspirada na ideia de fazer um restaurante em casa: que era o projeto inicial do Nelita. Ela queria cozinhar e conversar com os comensais enquanto fazia os pratos. Acabou levando a inspiração para o restaurante: “Trouxe referência de tudo o que vivi na gastronomia até hoje. Este restaurante é a realização de um sonho. É onde trago todas as referências e inspirações que tive desde minha infância com minha mãe, avó, até chefs com quem trabalhei e aprendi no Brasil e no mundo, além de cursos e em pesquisas nos mais diversos restaurantes. O Nelita é cozinha afetiva, técnica. É o lugar onde crio com total liberdade. A responsabilidade é imensa, mas é gratificante! Estou em um momento muito feliz!”, finaliza.

A gente fica bem feliz depois de comer no Nelita, também. Uma curiosidade: a casa tem um salão fechado no andar superior, onde fica a adega. Se alguém quiser fazer uma reunião familiar, com cerca de 8 pessoas, pode se isolar lá em cima, sem ter contato com os demais clientes – uma alternativa em tempos pandêmicos - mas aí, vai perder o charme do balcão.

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